Pular para o conteúdo principal

Destaques

DEMONOLOGIA na visão dos ciganos

 DEMONOLOGIA na visão dos ciganos  Vamos abordar um assunto que até então estávamos deixando de fora, porque pensávamos que outros já o estudaram quase à exaustão. Porém, ao lermos estes tópicos no livro de Jean-Paul Clébert, in The Gypsies , constatamos que o tema citado era abordado antes, por outros, fracamente, superficialmente; decidimos por aqui, não nossa opinião, mas a de Clébert, porque ele é muito bom autor e deve ser considerado entre os melhores, em ciganologia. Ele, humildemente, pede licença, à página 145, para transcrever outro autor. Dr. Maxim Bing e nós fazemos o mesmo, portanto, o que se segue não é de nossa lavra, mas dos ciganólogos citados. Os erros e omissões ficam debitados a nossa dificuldade em traduzir castiçamente, para o português, a língua inglesa. Aos que quiserem conferir é só comprar o livro The Gypsies de Jean-Paul Clébert, Vista Books, London, 1973 e ler os títulos pertinentes. DEMONOLOGY (p. 145-147) Em tempos distantes, muito distantes, os ...

Vogais Rebeldes

Vogais Rebeldes




VOGAIS

A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul, vogais,

Ainda desvendarei seus mistérios latentes:

A, velado voar de moscas reluzentes

Que zumbem ao redor dos acres lodaçais;

E, nívea candidez de tendas areais,

Lanças de gelo, reis brancos, flores trementes;

I, escarro carmim, rubis a rir nos dentes

Da ira ou da ilusão em tristes bacanais;

U, curvas, vibrações verdes dos oceanos,

Paz de verduras, paz dos pastos, paz dos anos

Que as rugas vão urdindo entre brumas e escolhos;

O, supremo Clamor cheio de estranhos versos,

Silêncio assombrados de anjos e universos;

– Ó! Ômega, o sol violeta dos Seus olhos!

(Rimbaud)



As vogais estavam em convenção para referendar a saída do abc. Caçavam indaca, pressuposto.

A, a mais cavaquista, com as pernas abertas lembrava um compasso, pegou o bloco de papel e escreveu: * q** *c*nt*c*r** s* d*s*p*r*c*ss*m*s d* t*xt*? V*m*s *xp*r*m*nt*r *n* pr*t*c*: p*r *st*r*sc*, * d*p**s r**p*r*c*r.

Passou o lipograma adiante e, nenhuma participante pode traduzir a frase. Havia disse me disse, contestavam o tratamento subalterno recebido das colegas consoantes. Iriam mostrar a elas quão relevantes eram à luz do dicionário e estavam certas de superá-las. 

A vogal A, face à ignorância do grupo, traduz o significado do parágrafo supramencionado, agora com todas as letras: O que aconteceria se desaparecêssemos do texto? Vamos experimentar na prática: pôr asteriscos e depois reaparecer. 

 Todas queriam falar ao mesmo tempo, porém a vogal A exige que obedeçam à ordem em que aparecem no alfabeto.

A diz que todas são importantes: A é tudo (exceto numeral): primeira vogal, verbo com apoio de H, no verbo haver (há); está nos prefixos (grego e latino); é desinência nominal, indicadora do gênero feminino; temática verbal, e casca de banana nos deslizes dos escritores, como crase. É símbolo de excelência (classe A, categoria A, série A, nota A. Soberana na internet, com o símbolo @, utilizada em bilhões de mensagens entre os internautas. No mundo animal, é alfa a/o chefe.

É a vez de E, que expressa alegria e reticências...

–– O texto caput cheio de estrelinhas parece-me extravagante, mensagem em código.  Certamente, só uma equipe especializada para decifrá-lo. Dizem os antigos que para quem sabe ler, um pingo é letra. Um obtuso saberia que os asteriscos estão postos no lugar de letras. 

E continua a peroração, com a devida vênia: 

–– Encaminharemos abaixo-assinado pedindo a instituição do dia nacional da consciência vocálica. Viva para os monotongos, ditongos e tritongos! O mundo se curvará ante nós. Requeiro título de nobreza construindo belíssimos polissíndetos como conjunção e, e badaladíssima interjeição é!  Só nós, A e E, podemos ser verbos. Com acento agudo me transformo em é, a terceira pessoa do presente do indicativo do verbo ser; sou vogal temática, prefixo e sufixo. Estou reinando na internet, através de e-mail, e-book e quejandos. Informo que depois de A, sou a vogal que mais ocorre na língua.

A seguir, I, magérrima, raquítica (chamada vara de virar tripa e linguiça), atrevida, expõe sua genealogia e funções:

–– Ixe, ipre, irra! Alto lá! Permitam-me... Sou citada na Bíblia: “Porque em verdade vos digo: Enquanto não passar o céu e a terra, de modo nenhum passará da lei um só ‘i’ ou um só til, sem que tudo se cumpra” (Mt 5,17); também estou no topo da cruz do Cristo: INRI; sou substantivo (fila i); interjeição onomatopaica (iiii!), indicativa de risos e relincho dos equinos e asininos; sou prefixo e sufixo; se eu sair do alfabeto, posso acabar na ciência dos números imaginários, enfim, sou fundamental em números romanos. Em polêmica, dizem: “vou pôr os pingos nos ii”. Quem os põe em aa, ee, oo, uu?  Não existem.

Ponto para I, aliás, merecido.

J, anzol, esquálido pescador andava espionando as insurgentes, e não se conteve:

–– Cala a boca I, somos farinha do mesmo saco: você me gerou!

Entrementes, entra no parlatório a letra O, em redondo estilo, ensimesmada e convicta: 

–– Ô eu aí, uai! Cheguei! Cessem esse debate insosso. Sou a mais importante de todas vocês. Estou na origem do universo, no colossal estrondo da criação, sou o sopro de Deus, o som primordial no big bang: oooooooooooooooooooooooooooooooooooom! Sem meu ôôôô-ôôôô-ôôôô, o Carnaval será pobre, sem cadência e eurritmia. Também sou substantivo e o defino; bem como, artigo, pronome demonstrativo, pronome oblíquo e interjeição. 

Respira fundo, segue adiante em rotunda do I, isto é, deu a volta e retornou ao mesmo lugar.

U desregula a agulha do sonômetro vaiando e berrando como quê: 

–– Úúúúú! Uai, ó eu aí ô! Quero coliderar esta zorra. 

Saudoso do passado de glória grita ao microfone: 

–– Silêncio! Quando eu tinha aqueles pinguinhos na minha cabeça reinava absoluto no vocábulo, e tinha um quê de nobre. Sinto saudade do meu qüinqüelíngüe. Era admirado pelos cultos e temido pelos iletrados. Abdiquemos nossa bizarria para o bem-comum, é bom dialogarmos e reagruparmos pela integridade da gramática e a favor dos falantes; se não, retomo o trema e vou causar muitos escorregões nos escribas desavisados. Sou muito gratificada a Rimbaud que subvertendo a sinestesia nos deu cor, no poema Vogais, onde U tem o tom verde, a cor da clareza e leveza.  Hoje, inicio as siglas nos templos de cultura: UFF, UFV, UFMG, USP, UFJF etc. Finalmente, e não menos importante início as siglas formidáveis no mundo moderno: USA e USD (dólar).

A recomenda compulsar o dicionário: 

–– Vamos consultar o “Pai dos burros”, Aurélio gosta de nós; e nos têm no nome, ele certamente esclarecerá as dúvidas ora levantadas.

No monumental Aurélio Séc. XXI (o nome indica a relevância das vogais, porquanto acolhe todas: Au*é*io), a contagem dos verbetes registra A, com 247; e U, só 18. Insatisfeitas, ainda, folhearam o Vocabulário ortográfico da língua portuguesa (Volp), onde A acusa 95 páginas; e U, nove. Assim, no quesito quantidade, ampla vitória de A

Finalmente Y, com mãos para cima, como se pedindo socorro, num cantinho, pede licença ao plenário: 

–– Sou aquela que os matutos chamam Ypre, psilom e gosto. Fui defenestrada oficiosamente do alfabeto por anos, retorno do ostracismo, enfim. Hoje, tenho foros na lexicografia, com restrição, mas não solidão, pois estou nas palavras estrangeiras. Sou alma que espera, no simbolismo dualístico. A Academia Brasileira de Letras (ABL) ensina que sou semivogal ou vogal. Lembrem-se do lema: unidas, venceremos! Até hoje não sei o porquê me tiraram do alfabeto.

Pelos fundamentos apresentados, Y é bem recebida pelas vogais rebeldes. 

A vogal A faz um adendo, reforçando seus valores: 

–– Nós, vogais, compomos desde tempos remotos a imperial sigla AEIOU = Austriae Est Imperare Orbi Universo (É destino de a Áustria dominar o mundo inteiro). Fomos verbalizadas em aeiouar, para representar o uivo do vento, pelo alquimista das letras e fazedor de neologismos: Guimarães Rosa. Expressamos emoções humanas (ahahah, aiaiai, eee, iii, ôôô, úúú) e, vozes de animais, mas ainda falta muito para que vivamos independentes. Somos cinco, melhor, seis (olha Y aí!). Reflitamos, pois: a comunicação descerá em nível de grunhido, da ortofonia para cacofonia se instalarmos a ditadura da minoria. Juízo meninas!

Sinais indicadores de pausa e entoação, os simpáticos sintáticos gostam de boa prosa com pontos, vírgulas e exclamações. Cientes do quiproquó de letras, não se omitem, alinham-se às consoantes, e dão um mínimo de inteligibilidade à sentença. 

Luminares das letras deploram o desatino, o obscurantismo cacográfico: 

–– Adeus poesia, conto, crônica, romance e fábula. Adeus novelas, cantigas, trovas, jograis e acalantos. Sonetos, nunca mais!

W sai do casulo e borboleteando: 

–– Gente boa! Esta fonemática é problemática, melhor ficar neutra. Vogais começaram embate impossível de prever o placar. Optar por A por quê? Posso conviver no campo das vogais ou das consoantes, transformista eu sou. Excepcional no léxico, quase alienígena, venci. A hipermídia me redimiu e consagrou: <https://www.com.br>. Quem discorda? Galera, agora estou no pináculo, na glória!

Consoantes, as principais interessadas no debate e fundamentais (seguramente, informam mais do que vogais) convocam fórum de foneticistas. Há encontros vocálicos, consonantais e alguns hiatos. Os ânimos se exaltam. Ocorrem discussões e bravatas recíprocas: consoantes sinalizam que têm a bomba hiato/nica; as vogais ameaçam com a surda implosão da bomba A/fônica. 

A letra H, silente no encontro, diz que opinaria na “hora h”; porém, corria grande perigo de ser eliminada do abc por mudez crônica, porém, foi salva por compor os dígrafos ch, nh e lh. Indagada por que ficava quieta, aspirou fundo e disse que não falava, mas prestava muita atenção.

Diante do vaivém improdutivo no comitê de lexicógrafos, foneticistas e gramáticos, as consoantes perdem a paciência:

–– Exigimos respeito, podemos sobreviver sem vogais. Somos siglomaníacas desde a antiguidade como, por exemplo, a aterrorizadora dos bárbaros: SPQR Senatus Populus Que Romanus = Senado e o Povo Romano, inscrita nos estandartes das legiões romanas; formamos siglas famosas: BB, MG, RJ, STF, TNT, QG, que como mil outras, dispensam vogais. A discórdia propiciará um gigantesco salto... ao atraso, um retrocesso ao tempo dos fenícios. 

Vogais retrucam no ato:

–– Vamos deixá-las. Somos suas bengalinhas, vocês vão falar pidgin.

Consoantes alegando que estavam sendo garroteados no direito fundamental de existir, impetraram Mandado de Segurança pela manutenção dos seus fonemas, o qual foi concedido pelo erudito juiz, Alofone. No writ, o meritíssimo exarou: “Vogais fazem terrorismo linguístico”.

Elas desrespeitam a sentença do juiz e abandonam a cimeira na maior algazarra:

ááááá! –– dando gargalhadas;

êêêêê! –– mostrando insatisfação; 

iiiiiiiii! –– relinchando como cavalo; 

ôôôôô! –– cantado refrão de escola de samba; 

úúúúú! –– em vaia tonitruante;

“y” comanda todas juntas: aeiouypsilón! –– Orneando tal onagro. 

A atitude bizarra das vogais foi registrada nos alfarrábios como a ridícula demonstração de insensatez.

As consoantes num primeiro momento entraram em módulo H, isto é, emudecidas e estupefatas com a afronta das vogais, mas quando assentou o pó do levante, elas se organizaram para batalha. B, barrigudinha hidrópica, com sonora voz, falou na assembleia:

–– Sou B de bomba e B do bem. Somos maioria e temos proteção jurisdicional. Essa briga precisa acabar, ou instituiremos a língua dos berros, silvos, sinais e símbolos.

Cacunda de bobo é degrau dos espertos; o argumento vingou: criaram-se clubes de lipogramatistas, linguistas foram convidados a fazer o manual da novilíngua; consoantes decidiram incrementar a comunicação por gestos, e leitura labial. A Linguagem brasileira dos sinais (Libras) foi revisada; ampliaram-se os sinais luminosos; aprovaram o internetês como língua franca, para o essencial [ ]<abraço; bjs<beijos; blz<beleza; cmg<comigo; cps<cápsulas; cqd<como queríamos demonstrar; d+<demais; fds<fim de semana; fmz<firmeza; fdp<palavrão; gnt<gente; hj<hoje; jg<jogo; kct<cacete; kd<cadê; kdt<cadete; kkk<risos; ñ<não; nd<nada; p<para; pq<porque; pqp<palavrão; pt<ponto; q<que; qq<qualquer; t+<até mais; s<sim; vc<você; rsrsrs<risos; tc<teclar; td<tudo; t+< até mais; tx<táxi; vlw<valeu, vqd<vai que dá etc. Frases podiam ser escritas deste modo: Cpcbn, prncsnh d mr = Copacabana, princesinha do mar. A mesma frase escrita só com vogais “aaaa, ieia o a” não significava nada, e não havia hermeneuta que desse jeito, ou computador que decifrasse. 

As consoantes consideraram a ausência de vogais como delegação para evolução e/ou criação de novas palavras. Então, é posta em marcha a Faculdade de Ciências Mímicas e Letras Consonantais (FCMLC); e com recursos de análise combinatória, da matemática, substituíram todas as vogais nas placas veiculares, na sinalização e em siglas. Não houve o caos esperado, para enorme decepção das vogais dissidentes, avoantes. Ocorreu queda da poluição sonora, glória da pantomímica. O corpo fala, as mãos falam; retomaram os sinais de fumaça e semáforos; adotaram-se símbolos matemáticos. A pictografia avançou em todos os ramos das ciências. Vigia a comunicação imagética. Enorme afluxo de revistas em quadrinhos (HQs). Época da semiótica, iconosfera, logogrifos e cartas enigmáticas. Espaço em “br nc ” no texto indicavam a falta das vogais migrantes. 

Talvez elas (vogais) recuperassem o tino e voltassem ao ninho antigo, livres da loucura passageira.

–– W debocha do grupo vocálico e, em crise existencial, tenta se camuflar entre elas, porque na origem é doble (uu). 

Num dia/crítico, as trevas da ignorância predominavam nas mentes estressadas. Havia retrocesso social, pelo uso da linguagem estropiada. Urgia celebrar armistício para o bem da língua. 

Discussões acacianas e bizantinizes prosseguiam à exaustão. As consoantes amparadas em dados estatísticos exemplificaram que eram imbatíveis como nos acrônimos Petrobras: P*tr*br*s; S*nt*nd*r, autoexplicativos, no contexto. Em IKHYTS (símbolo do cristianismo primitivo), sem IY ficava *KH*TS “Khristos Theos Sotero” Cristo, Deus, Salvador, mantendo, pois, o sentido da mensagem sagrada. 

As vogais desafiantes confabulavam e se defendiam semelhantemente: 

–– Que é **r***** = uariuaiú (bailado indígena); t***** = tuiuiú (jaburu)? Difícil reconstruir vocábulos sem vogais, é quase um processo de adivinhação.

Partes litigantes ficaram atordoadas pela confusão. Em adição, tentativas para editar o vocabulário só de vogais redundaram em imenso fracasso; um texto só com vogais ficou assim: Ô iaiá! Ô ioiô! Ah eu aí uai! Óia au, au, au! Ui, ai, ai, ai!

Por outro lado, o pretenso léxico de consoantes mostrou-se caricatural. Urgia um entendimento.

As notações léxicas: acento grave, agudo, circunflexo, hífen, apóstrofo e til, ignorados, em assembleia geral extraordinária exigiram o fim da secessão das vogais estúpidas. (ç cedilha sem espaço não compareceu ao debate).

 –– Haja luz! A ordem superior vem das nuvens.

O vento não é favorável para as vogais. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Elas, avoantes, fecharam asas e pousaram na pauta dispostas a conversar ou mudar o rumo da prosa. Humildes como quê, concluíram que a escrita corria o risco de acabar. Valia a pena coexistência pacífica.

U, prudente e resiliente, faz proposição construtiva por ser a melhor política: “é melhor um mau acordo do que boa causa na justiça”. Proseia em bela retórica, e é elemento-chave na fábula, como agente da pacificação:

–– Os últimos serão os primeiros (autoelogio). Acabou o milho, acabou a pipoca. É melhor rendermos às evidências. Negar valor às consoantes é como tampar o sol com peneira. Isolados, formamos palavras ininteligíveis, grotescas mesmo. Retornemos às palavras. Trago no substrato V ou W e posso adotar qualquer hipótese. Se prevalecer o dissenso, se eu me zangar, assumo a versão atômica U-235 e ‘explodo’, acabando a demanda, impondo o caos.

 É mandatória a sobrevivência do léxico. Acorda estava esticada... As consoantes transigiram para manter a unidade da língua e votaram sim. Reconciliação já! O moto. 

Consoantes e vogais demonstraram ter juízo refazendo o abecedário no clima paz e amor, mesmo porque não há fogo sem queimar. 

Em conjunto, buscaram Z para o veredito.

–– Z, ó Z, onde estás que não respondes? 

Z (para os íntimos), e Zeus, para os súditos, estava em Olímpia soltando raios em todas as direções; ouviu o clamor e apareceu no finzinho do abecê, chancelando Novo Acordo Ortográfico, resolvendo a equação fundamental da lexicografia: A–­Z = Volp.

As vogais rebeldes retornaram ao nicho, reiniciando a grande aventura do idioma, em alto estilo.

XY, incógnitas, em cromossômico abraço, no entra e sai do léxico, em amorável conúbio, asseguram a continuidade da geração Z

X, personagem misterioso, assistia um filme xxx, desvendou a incógnita: 

–– Acabou o cisma, somos irmãs e mutuamente dependentes. Na ortografia, as letras isoladas são patéticas e infelizes. Unamo-nos em corrente pra frente para doce soarmos (com+soantes). Retomemos nossos fonemas, com força total.

 O Grande Gramático A∴G∴D∴U∴ deu-lhes um mandamento:

–– Ide e anunciai ao mundo lusófono que o léxico está refeito, tudo está no Volp! 

Após a aporia veio a euforia, a remissão: ao longe, ouviram-se o som barulhento: uruputum-uruputum-uruputum, zabumbava “U”, na Avenida Vernáculo comemorando a magna concórdia. 

E os grafemas entraram em fila indiana harmoniosa cantando em uníssono a música: a-e-i-o--u-ypsilone, um xaxado arretado.

Na doce essência da língua portuguesa, as vogais receberam carinho e colo; elas jamais seriam avoantes.

P*nt*-f*n*l.



Comentários

Postar um comentário

Mais lidas