CONFITEOR [Eu confesso]
CONFITEOR [Eu confesso]
Asséde Paiva
Nesta casinha pequenina, em Valadares, eu nasci em 1934
Cada qual no seu canto sofre seu tanto
O segredo para lutar e vencer na vida ou na guerra ou na tristeza está no começo de toda a vida, de todo ser. Lutar, lutar, sangrar, mas vencer, vencer e vencer. Às vezes perder, mas viver e viver lutando sempre, sobrevivendo. Desistir nunca! O futuro será sempre um novo recomeço. As adversidades da vida nos ensinarão que a cada luta virá o aperfeiçoamento para uma grande vitória. (Jorge de Lima).
(Êxodo 3,14)
Algo que escrevi há tempos: um conto? Não. Romance? Nem pensar! São reminiscências e fragmentos da minha vida. Lembranças que trago de minha terra e das gentes que convivi. Nada mirabolante. Na verdade, não tenho muito a contar. Nem sei o que sou, nem qual missão recebi do Alto. Se eu recebi alguma missão, nunca me disseram (ou não me lembro). Culpado, eu sou de muitas coisas, não deveria me sentir assim, porque nunca tive livre-arbítrio. E se não tive liberdade, não posso ser responsabilizado, não é? Vocês hão de convir de que nós temos caveiras no armário e no armário devem permanecer. Este texto precipuamente evoca saudade. A saudade de um tempo ingênuo, de credulidade, de luta sem fim, em que posso dizer que o meu dia a dia era de uma dureza sem par. Assim, escrevendo, faço uma catarse pensando que serei compreendido por alguns que me estimam.
Você aí! Está me vendo numa boa...” com família padrão: filhos e netinha maravilhosos: “Este é o cara... por que não tive a sorte dele?” Ah, amigos, não me invejem. Estudem! Trabalhem! Foi o que fiz a vida inteira. Agora, depois de 32 (1955/1987) anos de incessante labor, estou aposentado, graças à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A ela dei minha vida e não reclamo; a ela devo tudo: o que tenho o que sou e o que pude fazer para minha família. Na empresa, fui considerado exemplo digno de ser seguido (1976) e, fui empossado Presidente de uma empresa do Grupo CSN. E considerado o melhor dos presidentes. Éramos 10, no Grupo CSN.
Ninguém passa pela vida sem sequelas e sem trancos. Cito, pôr oportuno, o poema de Francisco Otaviano:
A sextilha na página anterior quer dizer: Quem não nasceu em berço de ouro, nem acertou na Loteria, não herdou, nem roubou, deve ir à luta, e, se for, vá com muita gana e vencerá, ainda que a vitória lhe cobre severo pedágio.
Hoje, fazendo uma análise pretérita de minha vida, concluo que tudo que me aconteceu, de bom ou de mau, foi para meu próprio bem e não tive escolha ou liberdade. Se não tive o que queria, tive o que mereci. Verdade seja dita: Deus me deu mais, muito mais do que mereci. Hosanas!
Nasci de uma família pobre (1934), paupérrima mesmo, em Valadares, parada de trem da estrada de ferro EFCB. O lugarejo pertencia ao Distrito de Rosário de Minas (MG). Imaginem... meu lar foi uma casinha de sapé e de chão, num brejal, onde se ouvia o coaxar dos sapos: Meu pai foi rei? Foi..., não foi! Foi, não foi! Minha mãe passava tanta fome que sequer me amamentava. Sete mulheres, prolíficas, negras (com todo respeito), me deram de mamar. Não me lembro dessas agruras iniciais, minha mãe me contou e eu acredito, piamente nela.
Aos dois anos de vida, mudamos para a fazenda velha, de minha bisavó, onde o vento sibilava entre buracos na parede de pau a pique. Poucas lembranças trago, não foram exemplares: furávamos chuchus (eu e minha irmã) e enchíamos os buracos com pimenta e os jogávamos aos porcos, que saíam doidos, grunhindo pela queimação na boca. Certa feita, eu mandei minha bisavó varrer a cama, porque estava cheia de laranjas podres. Ela estava senil (Alzheimer) e eu não sabia. Depois, fui visto com a navalha Solingen de meu pai, na minha mão, tentando cortar pedaço de pau. Foi um Deus nos acuda!
Lembro-me nitidamente do assassinato dos gatos; eram cinco... Meu pai os matou a tiros porque comiam queijos. Tudo bem, agora eu entendo os motivos de meu pai, mas precisava matar os gatos? Ainda hoje, vejo um gatinho morrendo com um tiro no pescoço. Ainda hoje, sinto o chamusco da pólvora queimando meu nariz. E os ladrões foram os ratos, não os gatos.
Periodicamente, eu e irmãos, mais velhos, fugíamos para a casa de nossa avó, atravessando lugar perigoso: o Morro da Picada, ou Morro Alto ou Morro Grande; esqueci o nome. Vovó, humilde e boa, nos recebia com amor. Ah, minha querida avó, quanta saudade, Deus a tenha em seu regaço!
Meu pai, à noite, para ganhar uns trocados a mais, exercia a nobre profissão de barbeiro. Naquele tempo eram muitas bocas a alimentar; éramos quatro irmãos; três tios, solteiros; mais meu pai, minha mãe; a bisavó; a negra Bastiana e um menino de nome José Alípio. Portanto, muitas bocas famintas. Mudamos para outro lugarejo porque meu pai tinha planos, pretendia progredir na vida – e progrediu. Num povoado, ao lado da estrada de ferro, denominado Chapéu d’Uvas(1), alugou o rancho Azevedo, do Zé Tenente, (Antônio Teixeira de Carvalho) e ganhou muito dinheiro. Chegou a ter limpinhos, no bolso, 120:000$000 (cento e vinte contos de réis). Aí, decidiu que era rico e parou de trabalhar; passou a farrear, achando que o dinheiro não acabaria nunca, mas acabou; ele quebrou. Fazia uns queijinhos rendeiros para despesas que, vez ou outra, apresentavam-se roídos; então, meu pai cometeu o segundo assassinato de gatos. Minha mãe pediu, implorou para que não os matasse, não adiantou, e foram mortos. No dia seguinte, os queijos aparecerem com os mesmos sinais de roedores. Assim, os gatos morreram inocentes. Afirmo que ajudei muita gente. Concluí há tempos que gratidão é moeda rara. Não reclamo, foi melhor ajudar do que ser ajudado. O que fiz, foi bem feito. Eu continuei minha luta, após meu pai tirar-me do colégio dizendo que não mais podia gastar comigo. Ele gastou tudo na boemia.
Lutei desesperadamente para ser alguém. Cito um momento inesquecível quando fui aluno interno de um colégio de nomeada. Curto período, mas me deu enorme bagagem cultural. Naquele colégio (Granbery) aprendi quase tudo o que sei e sou: respeitar o próximo, ter cidadania, religiosidade e ecumenismo. Eu amei aquele tempo; amei e não esqueço o Granbery que tinha o lema: Mens sana in corpore sano (Mente sã em corpo são). O Colégio Granbery, sim, esteio na educação, também teve seus percalços, ajudei a salvá-lo em 1948, dando pequena contribuição financeira. Na época, para administrá-lo, a Igreja Metodista decidiu mandar dos EUA um Senhor Reitor: W. H. Moore, competente e amado pelos docentes e discentes.
Em sequência, minha luta
Ah, os percalços e escolhos da vida! Caminhamos, caminhamos.
Lembro-me de nosso bedel (K***), ele era muito mau, acho que por ter deficiência em uma das pernas (poliomielite eu acho). K***. dava bengaladas nas portas exigindo silêncio, após as 10 horas da noite.
Em 1952 começou a débâcle de minha vida: A situação financeira difícil levou meus pais a mudarem para o Estado do Rio (Baixada Fluminense), São João de Meriti, bairro Olavo Bilac. Eu fiquei morando, de favor, em casas de parentes (ora um, ora outro). E não tinha dinheiro para comprar sequer uma folha de papel. E comia pastel com um refrigerante qualquer. Aos trancos e barrancos, terminei o ginasial.
Em 1953, o terremoto final: Eu fiquei ao léu. Parei de estudar e fui trabalhar como caixeiro/balconista de armazém de meu tio Joaquim Minga, em Paula Lima. Inconformado com a estagnação de minha vida, parti para São Paulo e, como dizem, “quebrei a cara”. Voltei a trabalhar no armazém de meu tio, no mesmo lugar, na mesma função. Tamanha era minha frustração, tristeza e inconformidade que, de novo, pus a “mala nas costas...” e, parti, para ganhar a vida em longes terras. Antes, entalhei, a canivete, no portal da venda: ‘A.P.O. – 1948’. “Só voltarei se vencer na vida”. Voltei vinte e cinco anos depois, nem me lembrava do fato, mas minha tia Olívia levou-me ao portal e mostrou-me a inscrição. “Você venceu, com certeza”,
Olívia e Joaquim foram muito importantes para mim. Olívia, hoje com 102 anos, mora em Benfica e pode confirmar tudo.
E segui em frente para o Rio de Janeiro, onde passei fome (não me envergonho de confessar) e dormi em banco de estação rodoviária. Confissão é confissão, e pela primeira vez digo, alto e bom som: pensei que morrer seria uma solução. Cera feita, após deitar-me num banco da rodoviária, um guarda (PM) me cutucou e disse-me: “Não durma, porque será assaltado”. Levantei-me e fui à banca de jornais e revistas que ficava aberta 24 horas. Fiquei a noite inteira caminhando daqui paara ali, espantando o sono. Quão difícil foi construir minha saga!
Nos piores momentos, dizia para mim, com muita gana: Hei de vencer!
Quando a fome me abrasava, eu dava um “pulo” à casa de minha tia Maria Minga, em Vilar dos Teles, bairro Olavo Bilac. Ela cozia um feijão pagão, botava no arroz, fritava um ovo e me dava comida e pouso. No dia seguinte, eu recomeçava a novela: procurar emprego no Rio de Janeiro. Sempre ouvindo: “Já foi ocupado”.
Tia Maria, Deus a tenha na santa Graça! Você também foi sofredora...
Sempre tive carinho especial para com meus tios Crispim e Maria.
Quando em desespero, eu me lembrava do ensino do Mestre Jesus:
Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e meu fardo é leve. (Mateus 11, 28-30)
Tive crises de raiva, depressão, angústia e medo do futuro. “Estaria eu destinado ao fracasso”? DEUS tinha uma missão para mim: Em outubro de 1954, fui para Volta Redonda (VR) e trabalhei a troco de cama e comida, na sapataria Clélia, sita à Av. Amaral Peixoto, no centro de VR.
Em 1955, fichei (fui admitido na CSN), em cargo muito humilde (servente de fundição), em que minhas ferramentas de trabalho foram pás, enxadas e vassouras (nada de papel, borracha ou caneta). Era o princípio da vitória.
Assentei a cabeça, criei raízes na cidade, e um dia, no meu beliche, ouvi o locutor/radialista falar na ZYP26 (Rádio Siderúrgica): “A Escola Técnica Pandiá Calógeras (ETPC) vai instituir os cursos de Metalurgia, Eletrotécnica e de Máquinas e Motores”. Decidi, no ato, que ia fazer um daqueles cursos. Não sei se foi livre-arbítrio ou destino, só Deus sabe, Maktub! Mandei vir de Minas meus cadernos do ginásio, muito bem feito no Granbery. De posse dos documentos, fui inscrever-me no vestibular, na ETPC. Passando ao lado de uma sala de aula, vi vestibulandos estudando e imaginei que não ia dar para mim, pois nunca estudara Desenho Técnico e parara de estudar há tempos, esquecera muito Português, Inglês e Matemática; mesmo assim, corajoso, inscrevi-me. A grande e inesquecível surpresa foi ver meu nome na lista de aprovados. Alegria total. Não tenho dúvidas: Deus segurou a minha mão e certamente ajudou-me a fazer as provas. Com coragem, e ânimo, voltei a estudar, após quatro anos, na ETPC. Formei-me Técnico de Grau Médio, Metalurgista e, mais tarde, Administrador; depois, formei-me Bacharel em Direito, na Sobeu, em Barra Mansa. Minha vida entrou nos eixos: Casei-me, e meus filhos nasceram em VR, no Hospital Santa Cecília, da CSN. Um deles, Assedinho, o médico Anestesista, muito conceituado, se um colega, médico precisa de um procedimento cirúrgico, pede os serviços de anestesiologia ao doutor Asséde. Alcione, o segundo filho foi e é brilhante na área de Ciências da Computação, fez pós-doutorado em Sheffield, Inglaterra. Trabalhou na Universidade de Viçosa como professor, Chefe de departamento, orientador de doutorandos. Hoje, aposentado, mora em Juiz de Fora.
Fui muito excluído entre colegas de trabalho, mas tive amigos, também. Graças aos bons amigos, e esforços ingentes, subi na empresa de degrau em degrau e cheguei a Presidente de uma de suas subsidiárias: EPLAN. Digo pela pena de Virgílio: Per aspera ad itur astra. [Por caminhos ásperos se vai aos astros]. Muito sofrimento, vida muito dura, comorbidades e segui em frente. É verdade a expressão: Comer o pão que o diabo amassou com o rabo. Eu comi desse pão... Hoje, com minha companheira e esposa Cecy (que soube aguentar tempos difíceis, a “barra pesada”), somos felizes moradores da Cidade do Aço (VR). A Câmara Municipal deu-me o título de cidadão Volta-redondense. Sou vô, coruja, de Julia, que me dá felicidade e é minha luz. No fim de minha jornada, posso dizer: Valeu à pena, construí minha lenda pessoal.
Não vou cansá-los com o elenco de minhas ziquiziras. Foram muitas, terríveis e demolidoras. Sarava de uma doença, outra aparecia. Vivi muitos anos em soberana luta contra depressão e outros males. Posso dizer, sem medo de errar, que perdi 10 (dez) anos de minha vida, tratando da saúde.
“Todos nós, os filhos de Adão, padecemos grandes vicissitudes”, já nos ensinava Camões.
Amigos e amigas, não podemos depositar nossa cruz na porta de ninguém, e nada melhor do que esta fábula, transcrita da Revista EME:
Um homem julgava sua cruz muito pesada. Fazia a jornada da vida, entre os demais, carregando de má vontade os próprios problemas. Pensou muito em como amenizar o fardo e, um dia — eureca! — descobriu que podia serrar um pedaço da sua cruz. Isso o satisfez por certo tempo, até que, de novo, decidiu:
— Por que não facilitar a vida? Sou livre para fazer o que bem entendo com a minha cruz!
E, ligando a intenção ao ato, serrou mais um pedaço. Os anos passaram e muitos pedaços foram cortados. Por fim, o homem levava uma minúscula cruz. Chegando ao termo da viagem, pararam todos, à margem de uma vala. No lado de lá, apareceu um anjo que deu boas-vindas a todos e instruiu:
— Deponham suas cruzes sobre a vala. É a medida exata para servir de ponte para cá. Mas cada um só pode atravessar pela própria cruz...
Nosso malandro olhou a largura da vala, comparou com sua pequena cruz e olhou para o anjo. Mas este lhe disse:
— É pena! Você deve voltar para juntar todos os pedaços serrados, emendá-los e trazer a cruz, inteira, a seu termo.
Não troque sua cruz, a outra pode ser mais pesada...
Eis um pouco da minha colheita, do meu aprendizado, ao longo dos vaivéns da vida. Às vezes, esqueci coisas que o mundo me ensinou. Nosso dia a dia se nos apresenta desafiador. Somos obstaculados todo momento; ora ficamos irados, ora resolvemos desencontros com enorme jogo de cintura, ora fazemos uma retirada estratégica, para mais tarde voltar com forças renovadas. Somos incompreendidos, não compreendemos nossos amigos e familiares. Fazemos e desfazemos amigos, o mundo é cruel. Que pena! Tantos ofendi; outros tantos, amei e, outros me humilharam. Cometi excessos, tomei decisões erradas e certas. Oportunidades foram perdidas; outras, eu as peguei a tempo... Atarantado, muitas vezes, meu mau humor extravasava na família. Meus filhos e a minha esposa sofreram. Às vezes, feri aqueles mais caros ao meu coração. Arrependi. Precisei continuar e curar feridas morais e físicas, e educar os filhos. Peleja diuturna me trouxe aquilo que dizem ser experiência. Tirei lições de tudo, fossem dos tropeços, vitórias e embates. Observei acuradamente, analisei, separei o joio do trigo, descartei falsos amigos. Meu dever é repassar minha aprendizagem para que os leitores/as sofram menos do que eu. Não é fácil dizer tudo. Há um ensinamento que vem a calhar: Cada qual aprende com os próprios erros, e isto custa muito caro. Não desanimes nunca, e se isso acontecer continue trabalhando. São lições inesquecíveis de mestres e da vida. Depois, ao entardecer da existência, nos tornamos filósofos. Uns reclamam muito; eu, não. Sofri calado, porque o bom cabrito não berra. Mais cedo ou mais tarde, os humilhados e ofendidos vencerão. Eu louvo a palavra gratidão. Vou citar os nomes daqueles que, nas encruzilhadas da vida, me indicaram o rumo certo, o norte vencedor: Ostwald Rocha de Oliveira (engenheiro Rocha, na Engenharia Industrial (EI), da CSN); Roberto Batres e Augustin Rimpel, consultores da ADL; Odyr Pontes Vieira; Plínio Reis de Cantanhede Almeida e Benjamim Mário Baptista, os dois últimos foram Presidentes da CSN.
Doutrinas, filósofos (e religiões) por aí defendem o livre-arbítrio, como conditio sine qua non para o progresso dos homens. Eu tenho dúvidas sobre livre-arbítrio irrestrito. Estou com o filósofo Lavateur, que afirmou: Nosso livre-arbítrio é amplo como o voo de um pássaro na gaiola. A vida me levou para onde quis, muitas vezes contra meus desejos. Hoje posso dizer como o imperador romano Júlio Cesar: Vini, vidi vici (Vim, vi e venci). Glória a Deus!
Fique bem claro que não sei tudo, ainda me considero aprendiz nessa senda ou trilha, mas nada me impede que repasse aqui as pérolas que li e vivi nestes anos de lutas, realizações, vitórias e derrotas. As derrotas nos ensinam muito e nos preparam para suportar os trancos da vida. É preciso ter caminhado longamente durante a noite para conhecer o brilho da luz.
Lembramos o grande Sêneca, tribuno e filósofo romano, que nos ensinou: Não há vento favorável para quem não sabe aonde vai. É preciso focar num objetivo e jamais desistir, apesar dos escolhos que aparecerem.
Meu pai dizia: Em festa de inhambu, jacu não entra. Ele queria ensinar que devemos reconhecer nosso lugar e não entrar onde não cabemos ou não somos convidados. Jesus disse: Faze tua parte que eu te ajudarei.
Digamos sempre com todas as forças do coração e mente: Viver é lutar e estudemos sem cessar; leiamos desesperadamente. Não percamos uma oportunidade; elas são como um porco que passa, se você não o segurar pelas orelhas, pelo rabo não vai dar.
Quanto às trapalhadas aprontei em minha vida... Quanto às dores que me afligiram, ou afligi, pergunto: Por que Senhor?... Aguardo resposta.
Poderia ter sido diferente? Acho que não. Não tive o poder de viver a saga que gostaria, mas vivi a saga que mereci. Na verdade, segui o destino, provavelmente traçado por mim mesmo, em outros planos. Maktub!
Se eu não soube entender claramente minha missão, ao menos eu lutei para cumpri-la. Deus sabe o que fez. Eu apenas caminhei.
Para encerrar, eis foto da fazenda Velha (melhor casa velha), de minha bisavó, madrinha Dona, pertinho do morro Alto ou da Picada, (em Rosário). Foi nela que morei até os cinco aninhos.
Fazenda Morro Alto
A cavalo, meu pai João Minga, à porta, minha mãe (Didi); tio Zezé e outros, não identificados. Mais ou menos em 1938/39
Nessa época, na morada da fazenda Velha, meu pai estava “arribando”, melhorando de vida. Em 1940/41, se mudou para Paula Lima, depois para Chapéu D'Uvas, e após mais de 32 mudanças ele “quebrou” definitivamente, justificando o provérbio: Pedra que muito rola não cria limo. “Aquela casinha de sapé (onde vi a luz do dia), perdida entre sapos e ventos, ainda mora em mim. Dela saí menino, com fome e fé. A luta foi longa, mas valeu. Como o aço que serviu à minha vida, também fui forjado no fogo e na esperança.”
Foram retalhos da minha vida... uns molambos, outros sedas. Tudo foi comi devia de ter sido.
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